Galaxy Ring chega às lojas em 18 de outubro (foto: Thássius Veloso/Tecnoblog)
Resumo
O anel monitora saúde (sono, frequência cardíaca, atividades físicas e ciclo menstrual), mas precisa estar conectado a um smartphone.
Aparelho funciona como controle remoto da câmera do telefone.
É uma alternativa para quem sente desconforto ao usar smartwatches durante a noite.
A expectativa é que futuras versões tragam melhorias como vibração e alto-falantes.
Tecnoblog testa o aparelho há dez dias.
O anel inteligente da Samsung, chamado de Galaxy Ring, está à venda no Brasil. Os compradores levam para casa um diminuto aparelho com sensores poderosos e a promessa de melhores orientações no que diz respeito à saúde e ao bem-estar. Eu estou usando o Galaxy Ring há dez dias, desde o anúncio oficial por aqui, e agora te convido a refletir sobre por que comprar (ou não) este novo produto.
Logo de cara: o indefensável preço de R$ 3.499
O Galaxy Ring tem preço sugerido de R$ 3.499. Ele custa mais do que diversos celulares intermediários e premium, segundo a classificação de algumas empresas de inteligência de mercado. Trata-se de um formato completamente novo para nós, do Brasil, apesar de existirem outras opções na gringa.
É muito dinheiro. A própria gigante sul-coreana tem feito ofertas de pré-venda, como desconto até que o produto efetivamente chegue aos consumidores, em meados de outubro. Ainda assim, é um valor difícil de justificar por um aparelho bastante interessante, mas ao mesmo tempo repleto de limitações – até porque, por mais que seja smart, ainda estamos falando de um anel.
Acredito que o Galaxy Ring será viável quando estiver na faixa dos R$ 1.800 a R$ 2.000. Hoje em dia, acaba sendo um produto para poucos early adopters que desejam o que há de mais novo (e miniaturizado) em termos de tecnologia.
Cabe ressaltar: que a Samsung não cobra assinatura ligada ao Galaxy Ring. É o contrário da Oura, que vende o produto e ainda exige pagamento de aproximadamente US$ 5 por mês. Os sul-coreanos são ligeiros em apontar este benefício, que acaba fazendo muito sentido principalmente nos Estados Unidos, onde as duas marcas estão disputando terreno.
Saúde na ponta dos dedos
Eu sou um usuário contumaz de relógios inteligentes. Passo o ano me intercalando entre o Galaxy Watch e o Apple Watch, até por dever de ofício, enquanto não estou com aparelhos de outras marcas. Em outras palavras, já estou acostumado com o acompanhamento de saúde proporcionado por aparelhos assim.
Agora pense num smartwatch miniaturizado, com sensores tão pequenos que cabe no dedo. Este é o Galaxy Ring: um equipamento passivo, uma vez que coleta dados e manda para o smartphone. Ele se conecta à plataforma Samsung Health para sincronizar os dados da pessoa que o utiliza.
O Samsung Galaxy Ring é capaz de:
Monitorar o sono da pessoa, inclusive por meio do SpO2 (sensor de fotopletismografia, o PPG)
Gerar relatório de frequência cardíaca (sensores óticos)
Acompanhar atividades físicas, com direito a início automático em caso de corrida ou caminhada (acelerômetro e giroscópio)
Auxilia no monitoramento do ciclo menstrual (sensor de temperatura da pele)
Para tanto, é essencial que o Ring esteja conectado a um smartphone. Ele não tem botões, telas nem alto-falantes. Uma vez que a sincronização é feita, o Health da Samsung mostra um relatório completo.
É possível saber, por exemplo, a Pontuação de Energia, um indicador que leva em consideração as atividades e o descanso ao longo do dia. Também gosto de acompanhar o monitor de sono, apesar de ter recebido notas baixas nos últimos dias. O Samsung Health utiliza IA generativa para produzir análises que fazem sentido.
Samsung Health usa dados do Ring para calcular energia (foto: Thássius Veloso/Tecnoblog)
Volto a dizer: todos estes dados são computados por um apetrecho que pesa pouquíssimos gramas, uma maravilha da engenharia. Por outro lado, soluciona um problema que já resolvido justamente pelos smartwatches, capazes disso e muito mais.
Aliás, o Galaxy Watch 7 custa menos do que o Galaxy Ring, mesmo sendo um dispositivo muito mais versátil, com tela, falante, aplicativos etc: R$ 2.699. Ao compará-los, eu acabaria optando pelo relógio. Eletrônicos custam caro neste país, então o melhor é optar pelo produto que me traz mais funções por menos.
Sem incômodo na hora de dormir
O principal gargalo endereçado pelo Galaxy Ring é o incômodo que algumas pessoas sentem ao usar o relógio no pulso durante a noite. Tem que simplesmente não consiga. Para situações assim, o anel inteligente acaba sendo a única opção para fazer o acompanhamento dos indicadores de sono, como o período de descanso mais profundo.
Aplicativos como o Smart Cycle até monitoram a noite da pessoa por meio do microfone do celular, mas nada se compara a um wearable em contato com a sua pele para coletar as informações.
Testei o Galaxy Ring no dia a dia
Dizem que fazer coisas simples dá muito trabalho. Talvez seja o caso do Galaxy Ring, que tem o formato de um anel tradicional – um pouco mais largo –, porém com muitas inovações embarcadas nele. A miniaturização cobra um preço importante neste caso.
Depois de quase duas semanas de experimentação, posso dizer que rapidamente me acostumei com o Galaxy Ring no dedo. Passo o dia mudando de posição: às vezes está no polegar, às vezes no indicador, ou ainda no dedo médio.
Eu já o derrubei no chão algumas vezes e a carcaça de titânio se mostrou resistente, apesar de alguns arranhões – culpa minha, ao que tudo indica. Por sinal: são três opções de cor (preto, prata e dourado).
O consumidor pode escolher entre nove tamanhos distintos. O processo de compra envolve o envio de um kit para que a pessoa experimente as variadas circunferências em casa, antes de decidir com qual vai ficar.
Estojo do Galaxy Ring (Foto: Thássius Veloso/Tecnoblog)
O processo de ativação do Ring da Samsung é muito rápido. O estojo transparente se abre e a comunicação via Bluetooth rapidamente é estabelecida com o telefone Galaxy mais próximo. É preciso se autenticar na conta Samsung e ativar o Samsung Health, aplicativo que mostra o consolidado de informações coletadas pelo relógio.
A bateria do Galaxy Ring dura sete dias seguidos. Pude comprovar a autonomia na minha viagem a Menlo Park, na semana passada, para a cobertura do evento Meta Connect.
Controle remoto
Galaxy Ring tem corpo de titânio e pesa poucos gramas (foto: Thássius Veloso/Tecnoblog)
Já que tem sensor de movimento, o Galaxy Ring também faz o papel de controle remoto. Funciona assim: você abre a câmera, posiciona o smartphone Galaxy, depois se distancia dele. Agora basta fazer o gesto de pinça para tirar a foto. Eu usei essa ferramenta diversas vezes na última semana, inclusive no clique abaixo.
É bacana? Sim. O suficiente para explicar o preço do anel? Definitivamente não, ainda mais quando temos o timer ou o gesto de levantar a palma da mão à nossa disposição.
Já estou pensando na próxima geração
Toda primeira geração de aparelho eletrônico serve de aprendizado para as próximas. Quem aí lembra, por exemplo, do primeiro Galaxy Fold, com tela externa ridícula de pequena? Hoje em dia, o aparelho está muito mais interessante, robusto, completo.
O mesmo deve acontecer com o Galaxy Ring. O produto provavelmente ficará menos espesso e com bateria mais duradoura. Além disso, gostaria de ver a inclusão de alto-falantes ou de um mecanismo de vibração, para que o anel possa falar conosco, nem que sejam coisas básicas.
Galaxy Ring prateado no polegar (foto: Thássius Veloso/Tecnoblog)
Já que foi projetado para a hora do sono, seria bem-vindo um despertador que começa vibrando de forma suave e te desperta com calma – ou seja, o contrário de alguns alarmes nos telefones da Samsung, que só faltam dar na nossa cara de tanto que gritam.